domingo, 3 de fevereiro de 2013

NAS ÁGUAS DO PAJEÚ



















Se um peixe por um dia
Deus permitisse que eu fosse
Do São Francisco eu subia
Nadando num rio doce
E pelo leito divino
Este peixe pequenino
Entrava na parte sul
Fazendo o caminho inverso
Pra mostrar esse universo
Que é chamado Pajeú.

Vi pé de mandacaru
Vaqueiro fazendo festa
Correndo atrás de zebu
Na cidade de Floresta
Vi um povo hospitaleiro
Onde a missa do vaqueiro
É um momento sagrado
Desemboquei rio acima
Encontrei a obra prima
A capital do xaxado.

Lampião fez seu reinado
No meio de muita guerra
Deixou seu nome marcado
Em uma talha na serra
Assim sem dizer mais nada
Surgiu a “Serra Talhada”
A capital do sertão
Meu Pajeú imponente
Terra de caba valente
Igualmente a lampião.

A grande admiração
Que quero expressar aqui


Cidade do coração
Que é chamada Calumbi
Terra de gente decente
Onde o povo alegremente
Recebe quem a visita
O seu povo com presteza
Deixa ela com certeza
Cada dia mais bonita.

O meu coração se agita
A saudade me conduz
Pra essas “irmãs” bonitas
Triunfo e a Santa cruz
Santa Cruz tem rapadura
A baixa verde mistura
A riqueza desse chão
Triunfo terra tamanha
Lindo clima de montanha
Bem no meio do sertão.

E essa piaba então
Vai seguindo o seu trajeto

Flores, lugar de paixão
Um lugar lindo e discreto
Pertinho da Paraíba
Vejo a linda Carnaíba
Que dá acesso a Quixaba
Me dá um nó na garganta
Ao me lembrar de Zé Dantas
“Braço” de Luiz Gonzaga.

Continuando minha saga
Vou seguindo rio acima
Sinto que minh’alma traga
A nicotina da rima
Com mira mais que certeira
Afogados da Ingazeira
Transborda de alegria
Vou logo me situando
E sinto que estou chegando
No berço da poesia.

Ingazeira tem magia
Coisa igual, eu nunca vi
Me banho de poesia
Nas águas de Iguaracy
Esse rio que me inspira
Me faz chegar em Tabira
Aflorando as emoções
Eu vejo Dedé Monteiro
Mostrando pro mundo inteiro
Que a terra é das tradições.

Não vejo contradições
Solidão é terra minha
Brejinho lembra canções
Vejo Santa Terezinha
O trajeto está no fim
Chegando a Itapetim
Da nascente estou mais perto
Na poesia figura
Pois defendendo a cultura
Nos temos Zé Adalberto.

De manhazinha eu desperto
Nas águas que a gente ama
Já tenho destino certo
A linda Tuparetama
Um lugar angelical
Que um “Balaio Cultural”
Nos envolve de magia
Contemplando essa mistura
Mostrando nossa cultura
Em verso e em cantoria.

Onde o verso principia
Até o choro é bonito
Berço imortal de poesia
Meu São José do Egito
Me enche de emoção
Louro, Marinho e Cancão
Como também Zé Catota
Mostraram de norte a sul
Que as aguas do Pajéu
Tem um verso em cada gota.

Um verso grande da “gota”
Eu vi a cada passagem
Não existe bancarrota
Que quebre minha viagem
Este peixe pequenino
Já cumpriu o seu destino
Nadar nesse rio azul
Mesmo sendo um aprendiz
Agora eu volto feliz
Nas aguas do Pajéu.

-Henrique Brandão-
(Serra Talhada – 03/02/2013)

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