quinta-feira, 24 de abril de 2014

QUERIA SER UM POETA




















QUERIA SER UM POETA

Queria ser um poeta
Daqueles que olha a lua
Pesando que ela é sua
E tê-la, torna-se meta.

Ser um poeta andarilho
Sem rumo, sem direção
Mesmo o trem na contramão
Desenha seu próprio trilho.

Um poeta passarinho
Que mesmo longe, tem fé
Em troca de um cafuné
Volta correndo pro ninho.

Um bom vate seresteiro
Talvez até bem comum
Que mesmo sendo só um
Traz consigo o mundo inteiro.

Se eu fosse um poeta ator
Que em mil mundos atua
Maquiava a face nua
Pra esconder minha dor.

Um poeta conhecido
Mostrado em literatura
Mostrando o mel e a doçura
Do meu sertão esquecido.

E seu eu fosse um violeiro
Que faz um verso perfeito
Cola seu pinho no peito
Viaja sem paradeiro.

Poeta da meia noite
Desfrutando a boemia
Poeta do meio dia
Leva do vento um açoite.

Poeta da liberdade
Das palavras sem censura
Um poeta da cultura
Representando a verdade.

Meus olhos rasos de pranto
Lavam minh'alma por fora
A dor que o poeta chora
Eu choro do mesmo tanto.

Mas então por qual motivo
A vida sempre projeta
Se nasci pra ser poeta
Por que da arte me esquivo?

Responder não sou capaz
Nem trago a mostra na face
Pois poeta, ninguém nasce
Poesia o mundo faz.

-Henrique Brandão-
(Serra Talhada - 24/04/2014)